sexta-feira, 10 de maio de 2013

Tubarões em Portugal





Ao contrário do que muita gente pensa, na costa portuguesa podem encontrar-se mais de 30 espécies de tubarões. Há 10 anos que são alvo de estudo, e ainda assim não existe legislação... 

Chegam diariamente às várias lotas nacionais dezenas de barcos de pescadores carregados com carcaças de tubarões misturados com atuns, peixes-espada, espadartes e raias entre outros. E em várias destas lotas podem encontrar-se investigadores da Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE associação dedicada ao estudo de tubarões e raias), e do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR), bem como estudantes de Biologia, que identificam, pesam, medem e vêm o sexo de toneladas de tubarões. Esta amostragem é apenas uma dos processos de obter informação sobre tubarões.
A maioria dos que chegam aos 3 principais portos nacionais de pesca (Sesimbra, Peniche e Viana do Castelo), são de profundidade e não são espécies alvo, vêm por acessório na pesca ao Peixe-espada e Espadarte, segundo Ivone Figueiredo, investigadora do IPIMAR. Para se ter uma ideia, em 2004 estima-se que tenham sido desembarcados cerca de 582,4 toneladas de tubarões e raias segundo a DGPA (Direção Geral de Pesca e Aquicultura). Estas 2 espécies pertencem ao grupo dos elasmobrânquios, peixes cartilaginosos.
O Carocho, O Barroso, a Lixa, a Pata-Roxa, a Tintureira (Tubarão Azul) ou o Cação (muito usado no Alentejo para fazer a famosa Sopa de Cação), são algumas espécies mais pescadas em Portugal. E, à excepção destes 2 últimos, estas espécies movem-se a profundidades entre os 400 e os 1800 metros, longe do olhar dos mergulhadores, surfistas ou turistas.



João Correia (um dos fundadores da APECE e um dos primeiros portugueses a fazer um mestrado dedicado ao estudo de tubarões), explica que “as pessoas nem imaginam, mas há muitos tubarões, só que são bichos de hábitos completamente diferentes daqueles que há nas Bahamas e noutros sítios  Temos que chamar a atenção das crianças para o problema da pesca de tubarões, fazê-los gostar deles e mostrar que não são bichos assassinos que matam e comem tudo. A esmagadora maioria das vezes que há um encontro com uma pessoa, o tubarão foge 99% das vezes. Naturalmente que é sempre preciso ter cuidado, principalmente na presença de algumas espécies mais ferozes que podem atacar como forma de investigar a presa”.

Estes bichos que não deixam de ser peixes, muitas vezes negativamente retratados em vários filmes, andam aí ao largo. Não representam qualquer perigo para mergulhadores e banhistas. Portanto, a comunidade surfista não precisa de se alarmar e devem sim, respeitar os tubarões como parte integrante do Oceano. 
Sem os tubarões, o Oceano estaria mais pobre, poluído e desequilibrado.